16 de nov. de 2009

Bored To Death - 1x01 - Stockholm Syndrome (Series Premiere)

Ainda é muito cedo para ovacionar ou vaiar este programa que se auto-intitula “comédia”, a qual, nesta fall season, tem a difícil tarefa de manter o grande status do canal HBO, responsável por sucessos como In Treatment, Entourage e a queridinha dos críticos e do público, True Blood; mas se tenho que tomar partido no papel de espectador crítico, diria que a série tem cara de uma Hung na vida que muito promete e pouco cumpre (ou ao menos cumpre parcialmente). O clima noir que o marketing da série vinha prometendo foi pouco explorado e isso não se dá por culpa dos personagens ou dos atores. Acredito que realmente seja cedo demais para julgar o que Bored To Death é, e o que pretendia ser.

Jason Schwartzman é Jonathan Ames, um escritor de romances policiais que em meio a um bloqueio criativo, alcoolismo e o abandono de sua namorada Suzanne, decidi tornar-se um investigador policial em tempo parcial. É engraçado como vemos essa abordagem com olhos não muito esperançosos considerando esta sinopse, já que em Hung tivemos um roteiro parecido no qual um professor divorciado decide tornar-se um michê freelancer. Soma-se a isso o fato de Hung também ser um programa da mesma emissora e então já imaginamos que o poder criativo dos roteiristas está se esgotando. O que muito surpreende e que provavelmente atrairá os curiosos de plantão são as pessoas envolvidas neste projeto.

Schartzman não se encontra sozinho nesta jornada pela TV; em Bored to Death temos o prazer de presenciar no elenco fixo, Zach Galifianakis (Ray) que se colocou sob os holofotes este ano com o excelente Se Beber, Não Case. Seu personagem é Ray, marido com problemas conjugais e um cartunista falido (assim como seu amigo Ames em relação ao sucesso de sua profissão). Temos também Ted Danson, famoso pelas inúmeras premiações em Cheers (sucesso da tv dos anos 80) e seu recente e maravilhoso trabalho no drama procedural Damages, que interpreta o chefe de Ames, George.

Uma curiosidade a respeito da série é que o personagem de Jason carrega o nome do criador, roteirista e produtor executivo da série, Jonathan Ames, mas nem por isso o programa se torna um projeto auto-biográfico.

Neste episódio, Bored to Death não pôde mostrar sua veia cômica tendo raros momentos engraçados durante seus 30 minutos e isso nem é algo que a princípio me incomoda, já que muitas séries conseguem ter uma apresentação estranha e um desenvolvimento interessante (vide outro caso da própria emissora como True Blood e Nurse Jackie da Showtime). O que me preocupa mais é o fato da trama ser muito próxima do que vemos em outro show do canal ABC, Castle. Minhas esperanças para esta investida da HBO se encontra na abordagem que ela dá para suas séries, conseguindo fazê-las originais e válidas em meio a tantas histórias parecidas.

A amizade de Ray e Jonathan me agradou bastante, a princípio, devido a falta de reciprocidade que há na preocupação de um com o outro. A relação de Ames com seu chefe George, por outro lado, me soou um tanto quanto estranha e íntima demais dentro do contexto; muitas vezes Jonathan desenha seu patrão como alguém rancoroso, exigente e de poucos amigos, quando na verdade o que conhecemos é um homem que se encontra perdido em conflitos que ele próprio não acredita vivenciar (diz-se tranquilo quanto ao fato de precisar de viagra, mas ao mesmo tempo mantém uma paranóia de que ninguém descubra suas necessidades).

Em relação a investida de Jonathan no mundo das investigações, o resultado não poderia ser mais desastroso, eloquente e ousado. O fato a se observar, de início, é que o escritor com bloqueio criativo aceita seu primeiro caso e nem ao menos se preocupa em pedir o dinheiro que viria a gastar com a investigação que realizaria; em seguida, o desastrado se mostra um completo profissional anti-ético quando deixa de pensar em sua cliente para aproximar-se de Vincent a fim de suprir o ombro amigo que Ray não soube oferecer. O que diverte aqui em Stockholm Syndrome são as nuances do protagonista que ora se mostra um ridículo indivíduo que deixa a namorada partir, ora consegue ser criativo e eficiente em situações de exige uma uma história convincente o bastante para enganar os que estão a sua volta.

As decisões dele são definitivamente estranhas, impensadas e espontâneas; talvez por isso tenha me incentivado a continuar conferindo essa aposta da HBO, já que foi ela a responsável por me entreter tanto com Six Feet Under, Nurse Jackie, Hung e True Blood.

Em poucas palavras, considerando o pano de fundo oferecido à série e o elenco responsável para o desenvolvimento da trama, acredito que Bored to Death tem grandes chances de se destacar no mercado competitivo que vem ganhando mais atenção que a telona nos últimos tempos. Basta termos paciência e assistirmos com um olhar mais atento e perceberemos as piadas sutis, o clima autêntico e os conflitos emocionais e psicológicos existentes nas estrelinhas do programa.

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