Iniciar um caso a partir de uma apelação poderia ser arriscado, mas para a alegria de todos nós, fãs de The Good Wife, somos positivamente surpreendidos com uma linearidade mais que agradável com um ritmo acelerado e muito mais complexo do que estamos acostumados na série.
Era inevitável que um dia as “apelações” fossem abordadas na série, mas nunca me passaria pela cabeça que um assunto com essa complexidade pudesse ser apresentado da forma brilhante que foi. Confesso que por não ser parte deste nicho procedural, senti uma dificuldade gigantesca em acompanhar o começo desta jornada de Alicia e Cary e por alguns minutos pensei estar na série errada, pois tudo parecia mais inteligente e complexo, tornando a compreensão do todo um tanto quanto árduo. Era um emaranhado de termos jurídicos, entrevistas e dezenas de figurantes na mesma cena e isso me fez ficar preocupado com o desenvolvimento do episódio.
Assim que Alicia e Cary, trabalhando juntos mais uma vez, conseguiram a apelação, o frenesi ficou de lado e o ritmo do episódio continuou acelerado, mas a um nível que permitia aos leigos do nicho acompanharem o desenvolvimento da estória. Resumidamente, a Stern & Lockhart após descobrirem um vídeo, entram com uma ação para rever o caso de “corredor da morte” quanto a decisão de um júri influenciado por publicidade indevida; em português, o objetivo do escritório era relatar o mal uso da “lei” no caso de um acusado de latrocínio (roubo seguido de morte) que teve sua pena de morte devido a persuasão dos jurados por meio de uma propaganda.
O que fez de Conjugal um episódio típico da série (focado na estória do crime e não no funcionamento do sistema jurídico) foi a presença da esposa do acusado que em um ato de desespero pede a ajuda de Cary e Alicia, tornando o clima bem mais dramático e menos técnico. Aliás, me surpreendi bastante com a sensibilidade de Cary e antes dele revelar como teve a idéia, pensei que ele tivesse escutado a Alicia comentando o caso com Kalinda e decidido puxar o tapete dela apresentando a idéia primeiro. Isso que dá quando a primeira impressão fica impregnada em nossa cabeça.
Ainda com relação a Cary, fica difícil gostar dele, mas ao menos podemos nos divertir sempre que é excluído ou humilhado, como aconteceu quando tentou dar em cima de Kalinda e ela o usou para que se focasse em seu trabalho. Apesar de não gostar de Cary, concordo que Will vem dando privilégios à Alicia e isso a tem colocado em situação bem favorável para conseguir o cargo fixo de associada júnior da Stern & Lockhart, mas se tem alguém que não tem o direito de reclamar é Diane, pois da mesma forma ela puxa sardinha do Cary.
Eu já havia comentado sobre a lealdade de Kalinda na série e em Conjugal pudemos confirmar mais ainda que sua parceria é com a lei e não com Alicia. Gostei de vê-la se opondo a amiga e depois se mostrar arrependida, chegando até a visitar Peter a fim de conseguir informações. E falando em Peter, uma cena que me agradou demais neste episódio foi ver como estão juntando Alicia e Peter aos poucos no decorrer dos episódios. Está sendo bem natural ver a esposa agindo como se tivesse perdoado o marido; digo isso porque não credito que a queridinha de Will tenha esquecido a humilhação pela qual passou alguns meses atrás.
O grande estopim de Conjugal foi provar o quanto todos somos preconceituosos de alguma forma; até mesmo Kalinda que se julgava uma pessoa evoluída neste tipo de situação acabou falhando no teste de identificação do criminoso. Confesso que eu também dei a mesma resposta que ela afirmando que ninguém (da amostra de suspeitos) era o verdadeiro criminoso da cena. Isso só serviu para nos mostrar que em situações de adrenalina nosso consciente não trabalha tão perfeitamente como acreditamos.
Esta semana tivemos um episódio excelentemente denso e carregado em todos os sentidos e já que tudo tem se focado em nos ensinar algo; os produtores e os roteiristas nos provaram que The Good Wife é capaz de muito mais do que vem nos mostrando até o momento.
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