É na simplicidade do roteiro que a série acerta em cheio quando queremos dar ótimas gargalhadas. Situações nonsenses não faltaram para divertir os espectadores que acompanham e a série. Tivemos Ray de cueca, Jonathan sendo assediado por outro homem, Ray com o pênis embutido George e a mulher mais orgásmica que já teve e Jonathan e seu amigo em terapia. Mas vamos falar aos poucos sobre cada parte.
Não há como negar o quão foi estranho e hilário ver o inimigo de George agarrando a mão de Jon e dizendo o quanto seria útil na cama. A cara que o Jonathan faz é muito engraçada nesses momentos gays da série. Esse tipo de piada está sempre presente e talvez isso ocorra devido ao jeito soft do escritor. Ele praticamente exala passividade. Á presença do sempre excelente Oliver Platt como o tarado de Jon, só tornou a interação dos personagens ainda mais íntima (sexualmente falando). Quanta bizarrice para um homem só, vocês não acham? Também, depois de um comentário como “mulher mais orgásmica” não tinha como sair boa coisa.
Mas como sempre, não tem como não rir quando Ray dá as caras na telinha. Primeiro ele divide o espaço com sua esposa que, depois de exigir uma colonoscopia no episódio anterior, agora deseja que seu marido comece a fazer terapia; e o melhor de tudo é que essa conversa super íntima acontece na cozinha com o cartunista usando uma catapulta no lugar da cueca. Alguém pode me explicar que bizarrisse foi aquela? Não sei nem por onde começar a explicar; tive que parar, massagear o maxilar que estava doendo de tanto rir e depois apertar o play novamente.
O personagem é excelente, não tem profundidade de caráter nenhum; senso crítico praticamente não existe em sua estrutura moral e ajudar o amigo está sempre fora de cogitação se não envolver alguma recompensa ou interesse próprio. O cara é o melhor de todos sem sombra de dúvidas.
Quando ele entrou para a terapia eu tinha certeza de que boa coisa não ia sair e também sabia que roteiro nenhum seria recuperado. Dito e feito. O cara simplesmente sai chorando da sessão e ao chegar em casa para receber sua recompensa (o sexo), simplesmente lança a melhor frase do episódio: “Quando eu era pequeno botava meu pênis para dentro, para parecer que ele tinha desaparecido. Hoje ele fez isso sozinho.” Quem em sã consciência revela uma “vergonha alheia” dessas e ainda consegue manter o orgulho intacto? Ray disse no episódio passado que está apenas fingindo seu desejo em mudar, mas aos poucos estamos percebendo que seu amor pela esposa deve ser realmente verdadeiro. Só amando muito para se submeter a situações tão desagradáveis (para ele é claro, porque para os espectadores é um prato cheio).
E quando achamos que Jonathan Ames (o roteirista, não o personagem) não pode mais nos surpreender, ele nos prepara uma sessão terapêutica de choque que provavelmente resolveria os problemas até de Meredith Grey. Na sessão com Ames (o personagem, não o roteirista), o escritor consegue todas as soluções dos seus problemas; basta cortar os pulsos e ele terá um final maravilhoso. Pelo menos foi assim que eu imaginei a solução para os milhares de questionamentos que Jon tem.
Agora convenhamos que se tinha alguém que precisava de uma boa terapia neste episódio, esse alguém era, sem duvida, o próprio terapeuta. Sua amargura para com o mundo fez parecer que a Marissa de The O.C. nunca teve qualquer problema. pelo menos o cara é bastante ético em seu trabalho e só dedicou-se a socar o pedófilo de sua filha, depois que saiu do consultório.
Enfim, as surpresas em Bored To Death estão presente aos montes e o mais agradável é que são sempre excelentes surpresas. Jonathan Ames (ahhh, já nem sei qual deles) tem feito da série uma obrigação nas minhas noites. Espero que continue assim daqui para frente.
PS.1: Charlie Kaufman? Seriously? O doido ainda cogitou entregar o roteiro para o Ames? Ele é louco ou o quê? Kaufman é meu deus pessoal.
PS.2: A cueca do Ray era cueca box? Por que por alguns instantes jurei que era aqueles shortinhos de pijama de garotinhas de 15 anos.
PS.3: sanduíche de sorvete? Será que o Ray pode passar essa receita?
Músicas do Episódio:
01. Mulatafuzaqueira (Arto Lindsay)
02. Flott Flyt (Diskjokke)
03. Princess Nicotine (Big Lazy)
04. Paradise Lost (Metro)
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