14 de nov. de 2009

White Collar - 1x03 - Book of Hours

Não que eu seja um fiel fervoroso e tenha recuperado as esperanças de que White Collar voltou ao ritmo, mas confesso que decidi ter um pouco mais de fé no futuro da série após esse episódio que nos colocou contra a parede, fazendo com que nos questionássemos a respeito de como a vida tende a trilhar o caminho mais longo para cumprir com seu objetivo.

Este terceiro episódio nem de longe pode ser comparado ao excelente episódio piloto da série, mas acho que ficou bem claro, a esta altura, que a criatividade dos roteiristas foi excessivamente utilizada na apresentação em detrimento do desenvolvimento. No caso da semana tivemos o [ex]criminoso Barelli (John Ventimiglia) pedindo a ajuda do Agente Burke para encontrar uma bíblia que havia sido roubada de sua igreja.

O excelente Ventimiglia incorporou bem o personagem e nos mostrou um convincente criminoso com princípios religiosos. Foi interessante ver as nuances na interpretação do ator, pois criou a mesma dúvida que habitava na cabeça dos agentes do FBI, de que muito provavelmente, o indivíduo não tinha se convertido da noite para o dia tão facilmente; ele continuava canastrão, convencido e prepotente, ou seja, perfeitas características de um bom samaritano, vocês não acham?

Apesar de eu estar satisfeito com a atuação de DeKay, não tenho como evitar de fazer um comentário; cada vez mais me parece menos real que ele seja o agente tão qualificado que dedicou anos de sua carreira e foi o único capaz de prender Caffrey. Todas as suas decisões são baseadas nos palpites e nas idéias de Neal e isso está me incomodando demais no decorrer dos últimos dois episódios. O que aconteceu com aquele agente que mandava e desmandava no Pilot e em questão de segundos identificou que o número “324” representava “FBI”? Onde está o agente que até certo dia tinha uma aprendiz, que por si só já aparentava muito inteligente e eficiente?

Já Caffrey tem caminhado em sentido contrário de seu parceiro, pois além de trabalhar com Peter nos casos do FBI ele investiga a mensagem que Kate supostamente deixou na garrafa. Tanto o ator quanto o personagem estão trabalhando arduamente para alcançarem o que querem. Mozzie é outro que tem se mostrado eficiente e versátil nos momentos em que Neal precisa de seus serviços; fico feliz de ver que é ele quem está com o papel de sem noção da turma; me diverti bastante com a cena dele tentando entrar na casa vestindo um casaco do FBI 3 vezes maior que o seu tamanho (ele estava muito esquisito).

Infelizmente o que eu vinha imaginando tem se tornado mais evidente com o passar dos episódios, e isto seria, que a trama principal da série não será centrada em Neal e Peter e sim no desaparecimento de Kate (namorada do bandido; se é que podemos chamá-lo assim depois das decisões que tomou neste episódio). Acho um tanto quanto perda de tempo trabalhar com este desaparecimento como pano de fundo para toda a temporada, já que há outros fatores mais interessantes que poderiam ser abordado. Um deles é exatamente quanto a confiabilidade que deve se ter em Neal Caffrey.

Logo que a série começou tive a impressão de ver um personagem sem muitas malícias, mas rezei para que esta impressão passasse logo. Para a minha tristeza, não passou. E como se isso já não bastasse, confirmou-se ainda mais que Neal é uma pessoa confiável no fim das contas. Quando ele roubou a tal bíblia (que na verdade era um livro de orações miraculoso) no fim do caso, surgiu um pingo de esperança, mas logo em seguida Peter nos revelou que tudo o que Caffreuy tinha em mente era ajudar o mendigo Steve que desejava salvar a vida de sua companheira Lucy. A intenção foi boa, o passado de Steve no Iraque me tocou e tudo mais, mas ainda assim preferiria que Caffrey tivesse sido um pouco mais cafajeste e tivesse roubado o livro para revendê-lo aos seus clientes. Eu até me questionei em certos momentos do Neal com a old bitch da Maria Fiametta, se ele realmente estava tentado em infringir a lei mais uma vez. Doce ilusão a minha.

Book of Hours foi na verdade um recomeço para a série, pois trouxe um pouco mais de esperança aos que “ainda” estão acompanhando-a. Pode ser que o ritmo continue neste “chove e não molha”, mas se a trama realmente não ficar mais profunda, White Collar servirá apenas como um programa agradável para se divertir um pouco. Temos ao menos que agradecer por ser um programa “assistível”, o que já é suficiente em tempos de crise criativa (se bem que nesta temporada houve uma safra interessante).

PS: Adorei ver Caffrey brincando com os copinhos e se negando a revelar o truque.

Nenhum comentário:

Postar um comentário