White Collar consegue se destacar em meio a tantas produções não pelo tema, mas pela química dos atores em conjunto com um trabalho técnico muito mais do que simplesmente agradável. Esta é a melhor forma de descrever a série que não causou tanto burburinho quanto Flash Forward, V ou mesmo Glee e ainda assim conseguiu prestígio pelas mãos dos melhores críticos: os telespectadores.
Para aqueles que podem não conhecer a origem do título da série, “white collar” (crime do colarinho branco) foi definido como "um crime cometido por uma pessoa respeitável, e de alta posição (status) social, no exercício de suas ocupações". Em seu episódio piloto, a série nos apresenta Neal Caffrey (Matthew Bomer), um mestre no crime do colarinho branco que foge de uma prisão de segurança máxima faltando apenas alguns meses para o fim de sua pena. O único capaz de capturá-lo é o Agente Especial do FBI, Peter Burke (Tim DeKay), o qual foi responsável pela prisão do criminoso depois de anos de investigação. Caffrey é novamente capturado, mas oferece seus serviços ao agente em troca de liberdade assistida.
A trama que guia a série aparenta ser tão clichê que se torna impossível imaginar algo original saindo desta estória. Para a surpresa de alguns e a felicidade de todos, White Collar conta com a presença de Matther Bommer que carrega em seu currículo o papel de um agente secreto na série Chuck (2008, NBC) e que contribui para a construção do seu personagem neste novo trabalho; Tim DeKay me fez seu fã com seu trabalho na série Tell Me You Love Me (2007, HBO), no qual interpretava brilhantemente um marido que perdeu o desejo sexual pela esposa. Neste novo projeto, estes dois atores realizam um trabalho magnífico e a química entre seus personagens lembra muito a relação de Tom Hanks com Leo DiCaprio em Prenda-me Se For Capaz, mesmo que a estória não seja a mesma.
A estória que dá início a parceria dos dois protagonistas foi bastante interessante e pôde nos dar uma noção das habilidades de Neal; entre elas a que realmente se destaca é a criatividade dele em interpretar os enigmas dos casos, aliado ao seu grande conhecimento do mundo do crime. Quando ele revelou que o “composto” do conteúdo do cofre era uma fibra de uma nota de dinheiro me impressionei, pois logo de cara estabeleceu-se um clima de quebra de segredo de estado; infelizmente essa abordagem não foi utilizada no restante do episódio e se fosse, poderia render algo posteriormente. Outros detalhes também comprometeram o conjunto da obra, dentre os quais, vermos o agente Burke afirmar a Caffrey que o falsificador que procuravam era tão bom quanto o próprio Neal Caffrey; acredito que isso me fez acreditar que os casos dos episódios futuros não serão tão brilhantes quanto o deste piloto. Mas por outro lado, posso estar enganado e isso servir ainda para nos mostrar que este caso é apenas a ponta do iceberg diante de tantos casos interessantes que a dupla irá solucionar.
O elenco de apoio faz muito bonito também; a assistente e aprendiz de Peter não teve tanto destaque, mas ao menos pudemos perceber que é uma excelente agente e contribui bastante para o andamento dos casos, uma vez que realiza um trabalho de campo excepcional. Felizmente, o estabelecimento de sua sexualidade também contribui para que não haja o uso de uma trama envolvendo um relacionamento entre Peter e ela e muito menos dela com Neal. Aliás, a relação entre Caffrey e a agente Cruz nos promete momentos bem constrangedores e engraçados.
Mas o maior destaque definitivamente fica com a esposa do agente que, na contramão de muitas outras histórias, foge do clichê e nos mostra uma mulher que não bate de frente com seu marido buscando a atenção dele. Ao invés disso, ela o apóia e contribui para que este se sinta confortável o suficiente para dedicar o tempo necessário em seu trabalho. A aproximação que Neal estabelece com a esposa de Peter também foi uma surpresa para mim a princípio, mas compreendi que tal atitude poderia contribuir para que Caffrey pudesse tê-la como aliada quando ele decidir revelar que tudo o que está fazendo neste momento, tem objetivo único e exclusivo de ter a chance de encontrar sua namorada.
E é aí que se estabelece a força motriz da série: os motivos que levaram Neal a fugir da prisão faltando tão pouco tempo para o fim de sua pena. Ele realmente agiu de forma desesperada a fim de alcançar sua namorada e não deixá-la fugir? Ou como Elizabeth sugeriu (brincando), Caffrey fez isso apenas como um jogo manipulador a fim de conseguir a confiança de Peter e se vingar por ser capturado?
Como eu disse, o episódio não foi perfeito e deixou bem explícito que aposta no carisma de seus personagens, que foi exatamente o que me fisgou e me convenceu a acompanhar a série nesta temporada. A fotografia da série também tem um valor próprio e me chamou a atenção; usa ângulos fechados quando há a necessidade de observarmos alguma expressão ou lermos na entrelinha a informação quista. As piadas são antigas, mas mais uma vez, funcionam de forma renovada nas mãos de DeKay e Bomer. Qual sua a primeira impressão de White Collar? Quais os motivos que levaram Neal a fugir da prisão? Kate fugiu ou foi obrigada a desaparecer? Quem é o dono da mão que aparece na foto junto com Kate?
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