Não tinha como dar errado. Jonathan dando conselhos na nova empreitada de George pelo mundo dos gays e um novo caso sobre romance, máfia russa e seu próprio relacionamento com Suzanne, foram os elementos deste ótimo episódio que explorou mais uma vez, e novamente de forma única, o amor sofrível de Ames por sua ex-namorada e seu estranho relacionamento com seu chefe e seu melhor amigo.
Primeiramente vamos discutir o caso que serviu de pano de fundo neste episódio. Jonathan tem se saído melhor que a encomenda nesta nova profissão. Sua discrição pode ser equiparada a uma notícia no jornal televisivo do horário nobre e sua capacidade em fazer todo caso ter alguma ligação com seu amor por Suzanne é que fazem Ames ser um detetive tão eficaz, porque lá no fundo, todo novo caso se torna uma batalha pessoal na qual ele se vê como a grande vítima.
O tom cômico já me conquistou logo de cara com o ex-escritor levando um susto de seu próprio cliente e em seguida quando o ex-presidiário insiste em acariciar as mãos do detetive como forma de gratidão por ter aceito o desafio de encontrar a tal da ave branca com depressão. As esquivas de Jon com seu novo cliente não estavam presente e até me surpreendi em ver tanta intimidade, já que o próprio se diz tão pegador, másculo e hetero.
Jon realiza toda sua investigação em um bar russo e é lá que me deparo com algo que venho pensando em criticar desde o início da série. Eu gosto demais de Bored to Death, mas não consigo me convencer em ver Jonathan Ames como alcoólatra e viciado; o ator é excelente como nonsense e acredito que este tipo de abordagem torna desnecessário a utilização destes rótulos que acabei de citar. Quando ele está no bar, bebendo, dançando e se divertindo, ele aparenta ser o mesmo indíviduo sóbrio que conhecemos.
Mas voltando aos comentários. O que mais me surpreende na série é como o roteirista consegue brincar com as piadas gays; elas são sempre bem colocadas e engraçadíssimas. Sua eficiência é tamanha que conseguiu me tirar gargalhas imensas do único personagem que me irritava no meio de tanta gente interessante, George, o chefe do nosso protagonista.
Os conselhos de como procurar um michê no Google foram apenas a ponta do iceberg diante de tantas passagens interessantes. Tivemos as idéias malucas de George, de como a revista poderia melhorar se liberasse seu cofrinho; as perguntas inadequadas quando sugere que Ames já tenha saído com um garoto de programa, e por aí vai. Eu poderia ficar horas e horas me divertindo ao comentar sobre os inúmeros acertos do roteiro que envolveram piadas gays, mas vamos seguir adianta para acabarmos logo.
A ave albina depressiva nem era tão bonita como todos acharam e definitivamente nunca amou o cliente de Jon. Na luta contra a máfia russa, Ames deu sorte ao acertar um deles. Só que convenhamos que certas atitudes do novo detetive são bem afeminadas, como por exemplo, ele dizendo que nem tava mirando no cara ao acertá-lo.
A não relação dele com Suzanne talvez seja a parte mais sensível do programa, pois é quando Jon se mostra mais humano; seu amor é explícito, caso contrário ele não faria de seus clientes seus terapeutas particulares (sorte a dele que alguns são bem pacientes).
De cartoons com o super-pênis até um quase beijo de ex-namorados, Bored to Death se mostra eficiente ao trabalhar com o cômico, a sensibilidade humana, temas atuais e clássicos, e melhor de tudo é que consegue fazer isso com o rótulo e o clima de uma série nonsense, que lhe traz o prestígio que merece.
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