23 de nov. de 2009

Private Practice - 3x06 - Slip Slidin’ Away

 

Os personagens amadureceram e a série também e hoje, o que presenciamos é uma série médica que não está preocupada com procedimentos técnicos, cirurgias complicadas ou anomalias que precisam ser corrigidas para que o corpo de um paciente sobreviva. Private Practice tem uma preocupação muito maior, que é cuidar do espírito, da alma, do ser humano em sua essência e não da armadura que o carrega e lhe serve apenas de muleta.

Foi o tempo em que enxergávamos a série como um programa que fala de como realizar um tratamento e o que é relevante ou não neste tratamento; houve a época em que a maior preocupação de Addison era fazer com que a criança nascesse com uma boa saúde e tivesse condições de sobreviver até construir uma família e vê-los envelhecendo. Agora presenciamos uma médica que se apega intimamente com seu paciente, que o acompanha e conhece seus medos, seus arrependimentos e tudo aquilo que lhe deixa orgulhoso; Addison se tornou o tipo de médica que não liga se sua paciente vai morrer, desde que seja este o verdadeiro desejo dela.

Addie passou por algumas emoções neste episódio e por mais que as mudanças no formato de uma série médica tenham sido positivas, a personagem continua perdendo muito para os demais indivíduos que têm tido suas histórias muito bem contadas. Há alguns anos atrás, uma simples cena desta ruiva com dó de um gato nos faria cair em prantos, mas hoje não impressiona, não intimida, não convence. Ao meu ver, algo que pode contribuir bastante (e já vem fazendo isso), para que Addison volte a ser a mais querida de todos, é a intimidade que vem tendo com Sam; a química está presente de forma nítida e tenho certeza que qualquer caminho que Shonda decida dar para essa dupla, definitivamente, trará bastante resultados, desde que os mantenha juntos, seja como uma bela amizade fortalecida pela carência de uma figura masculina, seja pela falta de um corpo másculo colado ao seu à noite.

Quem não vem tendo problemas no departamento de aceitação e crescimento dentro da série é Charlotte, que nesta temporada ganhou destaque e espaço merecido. Seus esforços em ser a figura antagonista nas temporadas passadas contribuiu muito para que hoje ela fizesse parte da Oceanside Wellness. A especialidade que decidiu seguir pode não aparentar muito promissora em suas mãos, já que até hoje a personagem não conseguiu mostrar muita sensibilidade para com pessoas que nada tem a lhe oferecer. Mas por outro lado, temos que considerar que ao longo dos anos, King foi privada de exercer sua verdadeira paixão devido seu talento para a liderança.

  Agora, com a ajuda e o companheirismo de Cooper, King tem tido a oportunidade que, lá no fundo, vinha pedindo todos esses anos: fazer parte de algo maior, de um propósito, de um projeto, de um sonho. É emocionante realizar uma retrospectiva desta personagem, pois a experiência que teremos, será de uma auto aprendizagem muito valiosa. Fechem os olhos e lembrem-se das primeiras cenas em que Charlotte apareceu; não havia sentimento algum, nem ódio, nem amor, existia apenas atitudes soltas. Reveja os passos dela e aprenderá muito sobre as mudanças que todo ser humano será obrigado a passar um dia.

Violet, por sua vez, como já cansei de dizer, foi a personagem que mais evoluiu e nem vou entrar muito no mérito da questão, já que o fiz incansáveis vezes este ano. Prefiro falar da Violet psiquiatra e terapeuta. Após ter solucionado seus traumas em relação à Kate, a personagem realmente tornou-se uma nova profissional, uma pessoa mais focada que não se importou com a saúde física e biológica em detrimento da espiritual e emocional de sua paciente neste episódio. Sua preocupação e o tratamento a que submeteu Barbara foram atitudes dignas de uma médica extremamente ética que escolheu o melhor meio de realizar o desejo de seu paciente. O desejo de Barbara era morrer e foi exatamente isso que Turner fez; matou aquele ser negativo, dando vida a uma pessoa completamente feliz. Mesmo contra a vontade de Peter, que conseguiu resistir e não tocar no assunto “e nós”, Violet nos mostrou a mágica da vida que muitas vezes esquecemos de ver quando se trata de uma série médica.

Mas a grande surpresa de Slip Slidin’ Away foi Nai que teve em suas mãos decisões difíceis de serem tomadas quando o assunto é preconceito e direitos iguais. A chegada do Dr. Brian Reynalds mexeu bastante nas estruturas do Pacific Wellcare Center, já que suas inovações e seu ego mais do que bem alimentado parecem incomodar Naomi. Não sei quanto aos demais espectadores, mas para mim, a trama envolvendo Nai, Brian e o casal Donnovan me pareceu pura poesia; como tratar o preconceito e os direitos quando os envolvidos são os grandes alvos nesta batalha: uma negra, um cadeirante e um casal de anões. O clima e os confrontos entre Nai e Brian alcançaram qualidades astronômicas e trouxe a personagem de volta ao jogo, fazendo-a novamente uma figura que vale a pena perder 40 minutos para ouvir sua história.

Não poderia me mostrar mais contente com o resultado final que Shonda Rhimes tem nos entragado; desde as tramas, passando pela trilha sonora, às atuações, tudo simplesmente se encaixa com uma perfeição poética que há tempos não é visto na tv. Private Practice está fora dos trilhos, mas não por ter se perdido e descarrilhado para os lados, e sim porque este trem começou a alçar voo, no qual o céu não é o limite.

2 comentários:

  1. Estou simplesmente amando essa temporada de Private Practice.
    Um episódio melhor que outro. Estou mega satisfeita com a qualidade do episódios apresentados até aqui.

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  2. Como eu já disse Lidi... é impressionante com a série evoluiu por conta própria.
    Estou atrasado, mas colocarei em dia esta semana... as reviews. Estou doido para ver o 3x07 que dizem que Addie volta a ter destaque.

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